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rapdabanda.blogspot

sábado, 20 de outubro de 2012

Revivendo 1996 pelos Olhos de Sixkim

A narrativa que transcrevo foi publicada ontem por Sixkim no seu mural; li a cena e acho importante partilharmos as nossas experiências contribuindo assim todos um pouco para a formação deste mosaico cultural que é o nosso RAP ANGOLANO. 

Peace
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Em 1996 o RAP estava muito vivo. 

Nem todo mundo sabía quem Fazia RAP na cidade de Luanda. Ouviamos Falar de alguns meetings e alguma actuações no terraço de um prédio ao Lado do CODEM no Bairro da Maianga, mas não estavamos interessados. Nel Boy Das Daburda, Mavy Man, Mondlane Afroket Kool Kleva eram nomes que soavam Durante as conversas sobre Hiphop. Numa noite quente de Luanda, encontrei-me com um vizinho novo da mesma idade do que eu, era o Nelo ou Udgibugi. Udgibugi afinal, era do Grupo Duplo V da terra nova. 

Foi Udgibugi que me informou que não era preciso Cunha e padrinhos na cozinha para se cantar em espetáculos de música. Bastava ter o instrumental e música comprovada com qualidade. Na altura um dos artístas Mai's famosos era o Zulu in tha House. Angolano que vivia na África do Sul e cantava algo parecido com o Kwaito. Conheci na mesma altura os Zippy, Dabulls e Djeza. Grupo que cantavam a música Abracadabra, eram apadrinhados por Nel Boy. Nel Boy Andava muito com o Walter Ananás dos NSex Love, na altura. Os impactos Quatro estavam a ascender rapidamente. 

Havia uma corista chamada Maria que Fazia coros para os NSex Lov e os SSP em espetáculos ao vivo, a Maria depois viajou para Cuba. Conheci o Eugénio e o Nekruma Beia. Na verdade Nekruma Beia falava muito mas tinha sempre razão e isto irritava muita gente. 

Quando decidi escolher o nome de Sixckim, fui a casa do Nekruma Beia pedir opinião, Nekruma disse me que gostava do nome e que seria bom adicionar letra C no meio do nome para dar style. Como tinha (S)olange (I)gor (X)avier Kim(Joaquim) , iníciais de nomes de pessoas que me motivaram, adicionei o (C)arlos, que tambem motiva-me bastante e ficou SIXCKIM. Eu e o Nekruma Beia conversvamos horas e horas, decidimos formar um grupo com o Eugénio e tentamos algumas coisas. 

Conheci a Gina, no Puniv, não saiba que ela cantava tão bem e que estava bem enquadrada no Movimento. Houve um dia em que encontrei a Gina com uma travessa recheiada de frangos grelhados azeitonas e alface, perguntei-lhe se era para uma festa e ela disse me que era para o encontro dos Reppers no terraço de um prédio na Maianga. Nunca percebi tanta boa devoção .

Conheci o Lindo Busha e os membros dos Delícias. Na altura o estudio Mai's frequentado para gravações era o estudio do Mister Paul. Mister Paul era um cota formado em música em Cuba. Organizou um espetáculo de underground em frente ao Macarenco e Cine Atlântico com 152 grupos. Alguns Reppers afinal Faziam parte de 5 grupos ao mesmo tempo em bairros diferentes e as coisas começaram a pegar fogo. Em Pleno espetáculo o Dj baixava a música depois do primeiro coro mandava sair. Mas quando eram amigos do Dj, a música tocava até ao fim. O público gritava que era uma coisa doida. 

O Rasta Dread Josef era conhecido, mas havia um outro Rasta que lhe perseguia sempre, e gostava de bifar o Josef em público. Não era fácil obter CD, gravavamos em bobines magneticas. Para os Mai's novos, saberem, são fitas magneticas enroladas como nas cassetes, mas muito maiores, que levavamos a rádio para trocar a musica. 

Na Vila Alice existía o estúdio do Nel-B, Nel-B era um jovem muito luscido quejà tinha estado na Alemanha, em uma hora Fazia o teu beat e gravava a tua música e te entregava tudo com a disquete, depois, o próximo da fila entrava no estúdio. Chitu Kumulukumba já falava de consciêcia com o brother Tétémbua, penso que os Dois eram do Palanca, já não me lembro. Quem acabava com o flow de todos quando aparecia era o Jaja Pessoa, eu nunca vi tanto flow numa só Pessoa. Em termos de presença quem tinha muita presença eram os Attitudes, Attitude T, acho que é irmão do Kool Kleva, havia tambem o Attitude Violenta e um Attitude Consciente algures. Na multidão havia o grupo Africa Preta que Conheci apenas um dos membros, o outro tinha acabado por falecer alguns meses antes, porque tentou lutar com um militar na rua e foi baleado. 

A cidade estava cheia de reppers. Conheci o Mumu. Mumu era companheiro do Yanick Afromen, foi o Mumu que apresentou-me ao Yanick, os Dois andavam sempre juntos de cima abaixo na cidade de Luanda, eram grandes cambas do pessoal da Eboni Squad. O pessoal da Eboni Squad era pacífico, mas na hora de cantar muitos fugiam, era talento puro e raro.

No Maculusso havia o Camacho, e o Zeca Matoso. Foi o Claudio que me apresentou o Camacho, foi o Da Bulls quem me apresentou o Zeca Matoso. Conheci o Syanuk na Maianga, falava muito e analisava tão bem o Hiphop que mesmo sem cantar a casa dele tinha sempre visitas de Reppers a procura de convivio e boa compania.

Conheci pessoalmente o Tetembwa, 9 Anos Mai's tarde, nas colinas de Hatfield, perante gurus vaishnavas, Tetembwa torn ou-se num bramachari do ashram de Pretoria. Tetembwa informou-me que tinha treinado um jovem a cantar Rap e este jovem por sua vez treinou o MCK. 

Conheci o Grande L, ainda não era o Grande L, o seu primeiro nome de Repper era Cão Leão. Havia um programa de RAP na rádio LAC de Nkruma e White Shadow Killer(Penso que era o nome do Luaty) que passava muita música RAP. Ter Botas Timberland era um grande luxo na altura. Mas quando estive na Africa do Sul fiquei sabendo que eram botas para trabalhos de jardinagem e outros trabalhos semi pesados. 

Nas músicas falava-se de tudo um pouco, ainda não havia a tendência politica antigoverno em Angola. Pelo Menos não se Fazia sentir em quase nada. 

O primeiro show de Rap em que participei foi organizado pelo Mateus Gonçalves na Feira Popular do Bairro Popular. Era um Show do Zulu in Tha House. Foi neste show que Conheci Father Mack. Ninguem tinha instrumentais de grande qualidade, os Reppers cantavam por cima dos instrumentais de Singles americanos. Havia um problema grave. O grupo Africa Preta tinha levado um instrumental do cantor americano Keith Sweat para cantar e father Mack tambem tinha levado o mesmo instrumental. Ninguem aceitou largar o beat então no mesmo show houve duas actuações com o mesmo beat. Eu cantei com um beat feito pelo Nel-B e no fim fiz um freestyle. Ao sai do palco encontrei vàrios jovens a minha espera, queriam felicitar-me pessoalmente. Foi o melhor momento do Show e do ano para mim. 

Ouviamos música em cassetes, a melhor marca era TDK. Gravavamos e regravamos na mesma cassete, varia musicas. Trinavamos Rap e freestyle no terraço do Prédio do Claudio com vários MCs incluindo o Yuri Fantomás que é meu primo. Na altura o grupo dele chamada se Poetas do Asfalto. SSP era o único grupo que piassava constantemente na TPA e na RTP para quem tinha . Durante quase um Anos passavam todos os dia amúsica da Isidora Campos intitulada "Meu Sambapito". 

Gravei duas musicas nos estudios da Orion e mostrei pela primeira vez aos meus pais. Foi aí então que me revelaram que durante a sua juventude o meu pai tinha feito parte de um conjunto. As morgues de 2 PAC e Notorious BIG foram duras e muito difíceis de se aceitar. Sei que alguns ficaram desapontados e pararam de cantar definitivamente, porque tinham perdido os seus ídolos queridos. Para muitos foi o fim. O cota Miguel Neto fazío o programa Explusão Musical, era para a maioría a única fonte de novidade de HipHop. Cota Miguel foi um dos maiores impulsionadores da cultura HipHop em Angola e merece respeito.

Valete ft Jimmy - Melhores Anos


Young Double - Reis do Chão


Mais um teaser dos Kalibrados


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Directamente da Lama - Mano Antonio (Track + Lyric)


O colectivo Jazzmática apresenta como single de estreia do EP com o título ''Rimas na Lama'' 





Mano Antonio 1º Verso

Rimas saiem da lama como diamantes de sangue
Levantando as grilhoetas que cativam a mente
Rima branca voz negra como a fome em áfrica
Voz negra sem sangue azul como os ditos monarcas
Não sou noé mas trago a arca
Já tenho o pão e o queijo cadê a faca
Não perdi a fé mas tudo ataca
Sobe a taxa nasce uma faixa mas nada muda
Aliás tudo muda (menos eu)
Plebeu anestesiado pela TV e o fino
Aqui não há granfino
Só rafeiros derradeiros
Hustlers verdadeiros que vendem a alma e o corpo
Panelas vazias somente enchem os copos
Miudas seminuas despes com trocos
Conversas de futebol terminam em socos
Os babas ouvem os bagos levantam os ombros
Kuduro bate num escombro num festim de quintal
O anormal parece normal em pleno lamaçal
Sempre mascarados todo ano é carnaval
Pois é
Aqui não passa o Zé
Porque somos ninguem
Baza àgua baza luz reclamar a quem
Se a revolução pede sangue quem será esse alguem
Dia a dia agradeço aleluia amém
Estatisticamente eu já estaria além

Refrão (Faradai)

Directamente da lama
Poemas teoremas
Extraídos do karma
Rimas e fatelas
Combustível para alma
Este o nosso basta para quebrar a algema
Directamente da lama
(2x)


Mano António  2º Verso

Directamente com rap de esquerda
Com a cara que não vês na tua moeda
Musica consciente não passa na mídia
Fora de moda te acorda do sono que bonda
Não toca no boda
Toca na alma
Desalgema impulsiona
Rimas na lama
Realidade diária violência mais drama
Cuzú hospital cemitério escolhe o programa
Este é o pacote pro guetto
Educação saúde saneamento zero
Estradas no buraco
Atritos no beco
Bofetadas na chapada
Bicos do teco
Matreco
Baçulas no lodo com chico marreco
Cabobo na bardeia viajando num pica
Fumança de pinho
Olha o ultimo ''Secoya'' luxo no lixo
Pablitos vendem a cera a preço de pedra
Lobos com pele de seda
Unidos na mesma merda
Em busca de merendas bongôs caiem de paraquedas
Há óbito há boda
Não há esgoto não há calçada
È difícil demais
Vida louca mas os manos não são racionais
Futebolistas rappistas kuduristas
Sembistas bufistas
Artistas talentos da alma ao asfalto
Poeira na kinama do basalto
Fica atento nega o pacote enquanto é cedo (3x)

Refrão (Faradai)

Directamente da lama
Poemas teoremas
Extraídos do karma
Rimas e fatelas
Combustível para alma
Este o nosso basta para quebrar a algema
Directamente da lama
(2x
)

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